A interpretação Bíblica
e a Escola Antioquiana
A interpretação
bíblica é um método de olhar para as Escrituras e buscar o sentido original do
texto, sendo assim, algumas escolas de Tradição Cristã fornecerão a sua versão
interpretativa dos acontecimentos bíblicos. Segundo Walter Kaiser, a Hermenêutica (interpretação bíblica) deve estar
atenta tanto para a Exegese quanto para a Teologia, de forma a tornar-se mais
completa na investigação interpretativa.
Ao investigar as Sagradas Escrituras estaremos
diante de um texto inspirado por Deus, sendo assim, é necessário empenho ao buscar
a essência, ou seja, qual é a intenção do autor ao escrever determinado
assunto. Apesar da mensagem central das Escrituras serem de fácil entendimento,
existem outras partes que são obscuras. Ao dizer isso, vale ressaltar que em
toda a história da igreja foi surgindo intérpretes que distorceram
completamente o significado original do texto sagrado. Temos o exemplo de
Marcião, Montano, os Gnósticos, e até mesmo cristãos da escola de Alexandria,
fazendo uso do método Alegórico, com isso, dando novo significado às passagens
bíblicas.
O presente artigo
apresentará a Escola de Antioquia, localizada na atual Turquia, e reunirá
algumas características de sua Tradição, ou seja, o método interpretativo, sua
Teologia e representantes.
O MÉTODO INTERPRETATIVO
DA ESCOLA DE ANTIOQUIA
A Escola Antioquiana
ficou conhecida por sua interpretação literal das Escrituras, conhecimento das
línguas originais e o caráter histórico do texto Sagrado, se assemelhando ao
que no futuro passou a ser chamado de Método Histórico Gramatical. Eles tinham
por objetivo investigar a fundo as palavras, a fim de alcançar a intenção
autoral, ou seja, evitando ao máximo impor ao texto um significado equivocado.
Esse método não era
pioneiro, pois, antes mesmo de Luciano (240- 312 A.D - fundador da Escola
Antioquiana
surgir com esse método de estudo, no segundo século, Teófilo mantinha o uso literal de interpretação bíblica:
“Eu leio as sagradas Escrituras dos santos profetas, os quais pelo Espírito
de Deus predisseram as coisas realmente tem acontecido, exatamente como vieram
a ocorrer, e as coisas que agora estão ocorrendo no presente, e as coisas
futuras na ordem em que ocorrerão. Aceitando, portanto, prova evidente coma
ocorrência de coisas preditas interiormente, eu não descreio. Ao contrário,
creio, obediente a Deus, a quem você também deveria se sujeitar, crendo nele,
para que não seja condenado depois e atormentado com a punição eterna.”
Antioquia e seu desafio
Teológico
Antioquia era menos
romanizada do que Cartago, apesar disso, era uma cidade onde diversas tradições
religiosas se encontravam, mesmo assim, não encontraremos o sincretismo
religioso encontrado na Escola de Alexandria.
Segundo McGrath os
escritores dessa conhecida escola eram bastante motivados por considerações de
ordem soteriológica. Por exemplo, as duas naturezas de Cristo são defendidas
com veemência, ou seja, que Cristo é em um só tempo Deus e homem.
Ao fazer isso, eles estavam divergindo da Escola de Alexandria, uma vez que os
mesmos entendiam o posicionamento Antioquiano como quem se posiciona negando a
unidade de Cristo e, diziam que tal posição era o mesmo que dizer que Deus tinha
dois filhos. A posição da Igreja de Antioquia está bem mais próxima daquela
defendida pelos outros pais da igreja, bem como os Reformadores.
Antioquia e a Igreja
Hoje
Muitas igrejas hoje adotam o método alegórico para tentar
expor o texto, no entanto, esses pregadores estão se afastando do sentido
original da passagem, da intensão autoral. Exemplos dessas igrejas são as
Neopentecostais, se aproximando bastante da escola de Alexandria. Por outro
lado, muitas igrejas buscam o método Histórico Gramatical para interpretar a
Bíblia, essa ferramenta se assemelha muito o da igreja de Antioquia, umas vez
que os proponentes buscam o real contexto do texto sagrado.
Conclusão
É extremamente
pertinente nós lermos os autores antigos a fim de buscarmos proximidade na
forma de interpretarmos as Sagradas Escrituras. Olhar como os nossos pais
enxergavam algum texto por eles se encontrarem bem mais próximos do que nós
mesmos, mais de 20 séculos de distância. Mesmo assim, é possível termos acesso
a fragmentos, ou até mesmo livros de alguns homens que influenciaram o
pensamento de outros homens de Deus.
- Alex Barbosa